A ALMA DIVINA
“A alma divina perceberá todas as variações de ser, consciência, vontade e deleite como o transbordamento, a extensão, a difusão dessa Unidade autoconcentrada que se desenvolve não na diferença e divisão, mas em uma forma expandida da unidade infinita. Ela estará sempre concentrada em unidade na essência de seu ser, sempre manifestada em variedade na extensão de seu ser. Tudo o que nela toma forma será uma das potencialidades manifestadas do Um: a Palavra ou o Nome que vibra a partir do Silêncio sem nome, a Forma que realiza a essência sem forma, a Vontade ou o Poder ativos que se originam da Força tranquila, o raio da autocognição que emana do sol da autopercepção atemporal, a onda do vir-a-ser que se eleva para tomar a forma da existência autoconsciente a partir do Ser eternamente autoconsciente, a alegria e o amor que jorram para sempre do Deleite eterno e imutável. A alma divina será o Absoluto bi-uno em seu abrir-se e cada relatividade nela será absoluta para si mesma porque se perceberá como o Absoluto manifestado, mas sem aquela ignorância que exclui outras relatividades como se fossem estranhas a seu ser ou menos completas do que ela.
(...) Ela poderá abarcá-los em uma e a mesma autorrealização, abrangedora – pois uma vasta abrangência é o fundamento da Supramente consciente de verdade. Ela poderá conceber, perceber e sentir divinamente todas as coisas como o Self, seu próprio self, único self de tudo, único ser do Self e devenir do Self, mas não dividido em seus devires, que não têm outra existência senão sua própria autoconsciência. Ela poderá conceber, perceber e sentir divinamente todas as existências como formas de alma do Um, as quais têm cada uma seu ser próprio no Um, seu próprio ponto de vista no Um, suas próprias relações com todas as outras existências que povoam a unidade infinita, mas todas dependentes do Um, formas conscientes d’Ele em Sua própria infinidade”. (SRI AUROBINDO, 1940, p. 159)
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