A ORDEM DOS MUNDOS
“Somos levados a concluir que o desenvolvimento da vida, da mente e do espírito no ser físico pressupõe sua existência, pois esses poderes são desenvolvidos aqui por duas forças que se associam: uma, que de baixo tende para o alto e uma que, do alto, puxa para o alto e pressiona para baixo. Pois há no Inconsciente a necessidade de trazer para fora o que é latente dentro dele, e há a pressão dos princípios superiores nos planos mais elevados, que não apenas ajuda essa necessidade geral a realizar-se, mas pode determinar em grande medida os meios especiais pelos quais ela acabará por realizar-se. É essa ação que puxa para o alto, e essa pressão, essa insistência do alto que explica a influência constante dos mundos espiritual, mental e vital sobre o plano físico.
[...]Seu primeiro efeito foi liberar da Matéria a vida e a mente; o último, foi ajudar o emergir de uma consciência espiritual da existência no ser terrestre, de modo que não se preocupe mais apenas com sua vida mais externa, mas também com buscas e interesses mentais; ele aprendeu a olhar dentro de si, descobrir seu ser interior, seu self espiritual e aspirar a transcender a terra e suas limitações. À medida que, cada vez mais, esse ser terrestre cresce interiormente, suas fronteiras mentais, vitais, espirituais, começam a ampliar-se; os laços que ligavam vida, mente, alma às suas limitações primordiais soltam-se ou se rompem e o homem, o ser mental, começa a vislumbrar um reino mais vasto de o seu self e do mundo, que estava fechado à vida terrestre primitiva. Sem dúvida, enquanto viver sobretudo na superfície, ele só poderá construir uma espécie de superestrutura ideal, imaginativa e conceitual no solo de sua estreita existência habitual. Mas se fizer o movimento interior que sua visão mais alta lhe apresenta como sua maior necessidade espiritual, então ele encontrará em seu interior uma consciência e uma vida mais vastas. Uma ação de dentro e uma ação do alto podem vencer a predominância da fórmula material, diminuir o poder da Inconsciência e, finalmente, dar-lhe fim, reverter a ordem da consciência, substituir o espírito à Matéria como fundamento consciente do ser, e liberar seus poderes superiores para que possam expressar-se de modo completo e segundo sua característica, na vida da alma encarnada na Natureza.” (SRI AUROBINDO, 1940, p. 709 - 710)
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