A ASPIRAÇÃO HUMANA
“A primeira preocupação do homem quando seu pensamento despertou e, ao que parece, sua preocupação inevitável e última – pois sobrevive aos mais longos períodos de ceticismo e retorna depois de cada banimento – é também a mais alta que seu pensamento pode considerar. Ela se manifesta no pressentimento da Divindade, no impulso à perfeição, na busca da Verdade pura e da Beatitude sem mistura, no sentido de uma secreta imortalidade. As antigas auroras do conhecimento humano nos deixaram seu testemunho dessa constante aspiração; hoje vemos uma humanidade saciada mas não satisfeita com a análise vitoriosa das aspectos externos da Natureza, preparando-se para voltar a seus anseios primevos. A primeira fórmula da Sabedoria promete ser a última – Deus, Luz, Liberdade, Imortalidade.
[...]Conhecer, possuir e ser o ser divino em uma consciência animal e egoística, converter nossa mentalidade física crepuscular ou obscura em uma plena iluminação supramental, construir paz e uma beatitude autoexistente onde há apenas uma tensão de satisfações transitórias assediadas por dor física e sofrimento emocional, estabelecer uma liberdade infinita em um mundo que se apresenta como um conjunto de necessidades mecânicas, descobrir e realizar a vida imortal em um corpo sujeito à morte e à mutação constante – isso é o que nos é oferecido como a manifestação de Deus na matéria e como o objetivo da Natureza em sua evolução terrestre. [...]
Pois todos os problemas da existência são essencialmente problemas de harmonia. Surgem da percepção de uma discórdia não resolvida e do instinto de um acordo ou unidade não descobertos. Para a natureza prática e mais animal do homem é possível contentar-se com uma discórdia não resolvida, mas isso é impossível para sua mente completamente desperta, e em geral mesmo os seus lados práticos só escapam dessa necessidade comum ao excluir o problema ou ao aceitar um compromisso grosseiro, utilitário e não iluminado. Porque, essencialmente, toda a Natureza busca harmonia: a vida e a matéria em sua própria esfera, assim como a mente no arranjo de suas percepções. Quanto maior a aparência de desordem dos materiais oferecidos ou a aparente disparidade, e mesmo a oposição irreconciliável dos elementos que devem ser utilizados, tanto mais forte é o estímulo, e este impele em direção a uma ordem mais sutil e poderosa que resultaria normalmente de um esforço menos árduo. [...] ela visa sempre maravilhas mais altas, pois aqui seu milagre último seria uma consciência animal não mais em busca de Verdade e da Luz, mas possuindo-as com a onipotência prática que seria o resultado da posse de um conhecimento direto e perfeito. Então, o impulso ascendente do ser humano em direção à harmonização de opostos ainda mais altos é não apenas racional em si, mas é a conclusão lógica de uma norma e um esforço que parecem ser um método fundamental da Natureza e o próprio sentido de seu labor universal”. (SRI AUROBINDO, 1940, p. 25 - 27)
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