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Liliane Brito

A VIDA DIVINA


O PROGRESSO EM DIREÇÃO AO CONHECIMENTO - DEUS, HOMEM E NATUREZA


"A consequência imediata é que o conhecimento a que devemos chegar não é uma verdade do intelecto; não é a crença justa, opiniões justas, informações justas sobre si mesmo e as coisas – essa é apenas a ideia que a mente da superfície tem sobre o conhecimento. Chegar a certa concepção mental de Deus, de nós mesmos e do mundo é um objetivo bom para o intelecto, mas não bastante vasto para o Espírito; isso não fará de nós os filhos conscientes do Infinito. No antigo pensamento da Índia, conhecer significava uma consciência que possuía a Verdade mais alta, por uma percepção direta e autoexperiência; tornar-se, ser o Supremo que conhecemos, é o sinal de que realmente temos o conhecimento. Pela mesma razão, moldar nossa vida prática, nossas ações, para estar em consonância na medida do possível, com noções intelectuais de verdade e justiça ou com um conhecimento pragmático bem-sucedido – um desempenho ético ou vital -, não é e não pode ser o objetivo último de nossa vida; nosso objetivo deve ser tornarmo-nos nosso ser verdadeiro, nosso ser do Espírito, o ser da Existência, Consciência, Deleite supremo e universal, Satchidananda.

Toda nossa existência depende dessa Existência, é ela que evolui em nós; somos um ser dessa Existência, um estado de consciência dessa Consciência, uma energia dessa energia consciente, uma vontade de deleite de ser, deleite da consciência, deleite da energia nascida desse Deleite: esse é o princípio-raiz de nossa existência. Mas, na superfície, essas coisas não são formuladas assim, nós lhe damos uma falsa tradução nos termos da Ignorância. Nosso “eu” não é esse ser espiritual que pode olhar a Existência Divina e dizer “Eu sou Isto”; nossa mentalidade não é essa consciência espiritual; nossa vontade não é essa força da consciência; nosso sofrimento e prazer, mesmo nossas alegrias e êxtases mais altos não são esse deleite de ser. Na superfície somos ainda um ego que representa o self, uma ignorância que se transmuta em conhecimento, uma vontade que se esforça para se tornar uma força verdadeira, um desejo de deleite da existência. Tornamo-nos nós mesmos ao superarmo-nos..." (SRI AUROBINDO, 1940, p. 619)


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