A ASCENSÃO À SUPRAMENTE
"Essa lei do procedimento da Natureza necessita um graduação no último processo de transição, uma ascensão de degrau em degrau, um desdobramento de estados cada vez mais elevados que nos conduzem da mente espiritualizada à supramente - uma passagem íngreme que não poderia ser superada de outra maneira. Acima de nós, já vimos, encontram-se estados sucessivos, níveis ou poderes graduados do ser que ultrapassam nossa mente normal; escondidas em nossas próprias partes supraconscientes existem zonas superiores da Mente, degraus mais altos de consciência e experiência espirituais; sem eles não haveria elos, não haveria espaços intermediários para tornar possível essa imensa ascensão. De fato, é a partir dessas fontes superiores que o Poder espiritual secreto age sobre o ser, e por sua pressão efetua a transformação psíquica ou a mudança espiritual; mas nas primeiras etapas de nosso crescimento essa ação não é aparente, ela permanece oculta e inapreensível. No começo, aquilo que é necessário é que o toque puro da força espiritual intervenha na natureza mental: essa pressão que desperta deve deixar sua marca na mente, no coração e na vida e orientá-los em direção ao alto; uma luz sutil ou um grande poder transmutador deve purificar, refinar e elevar suas movimentos e impregná-los de uma consciência superior que não pertence às suas capacidades e ao seu caráter normal. Isso pode ser feito do interior, por uma ação invisível, pela entidade psíquica e a personalidade psíquica; não é indispensável sentir conscientemente a descida do alto. A presença do espírito está aí, em cada ser vivo, em cada nível, em todas as coisas, e porque ela está aí a experiência de Satchidananda, da existência e consciência espirituais puras, do deleite de uma presença divina, de uma proximidade, de um contato divino, pode ser alcançada por meio da mente, do coração ou dos sentidos vitais ou mesmo da consciência física; se as portas interiores estiverem abertas o suficiente, a luz no santuário poderá difundir-se nas câmaras mais próximas e nas mais distantes do ser exterior. A mudança necessária, a virada, pode, pode também realizar-se por uma descida oculta da força espiritual; sente-se o influxo, a influência, os efeitos espirituais, mas a fonte superior é desconhecida e não há o sentimento real de uma descida. Uma consciência tocada desse modo pode ser elevada até alcançar o ponto em que o ser se volta para o Self, para o Divino, e une-se imediatamente a ele; ela deixa o campo evolutivo e, se isso for sancionado, não deverá mais seguir um desenvolvimento gradual, nem etapas ou métodos: a ruptura com a Natureza pode ser decisiva, pois a lei da evasão, uma vez possível, não é, ou não precisa ser, a mesma lei da transformação e perfeição evolutivas; ela é, ou pode ser, um salto, um rompimento rápido ou imediato dos laços - a evasão espiritual é assegurada e a única penalidade que permanece é a inevitável decadência do corpo. Porém, se a transformação da vida na terra for intenção, após esse primeiro toque de espiritualização será preciso despertar para as fontes e energias superiores, buscá-las, ampliar o ser e elevá-lo até o plano de existência próprio a essas energias e converter a consciência à sua lei superior e natureza dinâmica. Essa mudança deverá ser feita passo a passo, até que os degraus da ascensão sejam transcendidos e emerjamos nesses espaços mais amplos, largamente abertos, de que fala o Veda, os espaços onde nasce uma consciência que é supremamente luminosa e infinita". (SRI AUROBINDO, 1940, p. 830-831)
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